domingo, fevereiro 01, 2004
Dos Primeiros
São seis da manhã.
Silêncio ainda. Numa ou outra casa recomeça a vida.
Olho em mudo espanto pela janela
Um fio de luzes de cores várias, azuis amarelas e brancas, recorta além o perfil do Tejo.
A meio do rio reluz, colorido, um barco.
Tão distintas as margens nesta hora!
Margens que de dia parecem fundidas, por causa dos tons azuis-cinza da água, do céu.
Em mudo recolhimento, mantenho-me no escuro.
Pertenço àqueles tantos que começam a trabalhar com os olhos pesados de sono.
Sou daqueles que se perfilam nas paragens dos primeiros autocarros.
Dos que durante oito horas a fio não sairão dos seus postos de trabalho, a não ser para um intervalo de almoço à base de sandes e sumo. E café como estímulo.
Dos que regressam cansados para viver mais uma faina de esforço.
Dos primeiros sacrificados se esta guerra iminente acontece;
nudez, exponho tudo quando tenho:
Alegria na tristeza e dignidade na alma!
4 fev de 2003
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