segunda-feira, abril 05, 2004


"Preciosa cegueira"

Ver-te é arrancar a esmeralda que se mantinha encerrada, fria ausência, no rubi do coração.

É trazer fios de topázio à íris dos olhos, onde águas marinhas se incendeiam.

Voa o sangue nos rios que nos percorrem e nos empurram inexoravelmente para o atol dos abraços.

Tornamo-nos ilha e nuvem; profundeza e céu!



De nós, soltam-se gorjeios, como de pássaros que se achassem libertos da gaiola dos dedos.

Caímos um no outro e reerguemos-nos como muralhas engalanadas em festa.

O amor faz-se de ouro e silêncio, num beijo de diamante rosa,

que se despetala em aroma, que se entretece no imo.

Alados subimos, rodeando as constelações.

E todas as cores do céu somos nós!
Atravessamos espirais, incólumes, na preciosa cegueira que nos faz luzir além da terra, poalha diáfana, fugente...

voa

voa

voa

aqui o adeus não!