
"Preciosa cegueira"
Ver-te é arrancar a esmeralda que se mantinha encerrada, fria ausência, no rubi do coração.
É trazer fios de topázio à íris dos olhos, onde águas marinhas se incendeiam.
Voa o sangue nos rios que nos percorrem e nos empurram inexoravelmente para o atol dos abraços.
Tornamo-nos ilha e nuvem; profundeza e céu!
De nós, soltam-se gorjeios, como de pássaros que se achassem libertos da gaiola dos dedos.
Caímos um no outro e reerguemos-nos como muralhas engalanadas em festa.
O amor faz-se de ouro e silêncio, num beijo de diamante rosa,
que se despetala em aroma, que se entretece no imo.
Alados subimos, rodeando as constelações.
E todas as cores do céu somos nós!
Atravessamos espirais, incólumes, na preciosa cegueira que nos faz luzir além da terra, poalha diáfana, fugente...
voa
voa
voa
aqui o adeus não!