terça-feira, novembro 29, 2005

Será que Freud explica?!


Odeio Matemática... será que Freud explica?


Na minha juventude um livro era famoso (ou seria uma frase?!)
"Não há raparigas feias"
Porque nos queriam cegas e, portanto, enchiam-nos a cabeça de futilidades.
Não era o meu caso.
Enquanto as minhas colegas queriam ser "Hospedeiras de Bordo", eu queria ser "Assistente Social"
Quando soube de advogados presos por defederem presos políticos e de presos que cederam à tortura e se suicidaram e de inocentes presos pelo crime de pensar sem que ninguém ousasse defendê-los, teria 15 anos... ocorreu-me cursar Direito.
Ilusões que o machado do ódio cortou.


O meu pai queria comprar muitas casas, tinha dois carros sómente para si (um Morris beige para atravessar diàriamente a Ponte e um Sunbean de duas cores para trazer o que os rendeiros "lhe ofereciam"

Ele chegava lá e colhia o que não lhe pertencia, o que sempre me envergonhou... eu nem um bago de uva conseguia comer, pois se pagavam renda, o que cultivavam era seu.

Naquela aldeia na Idade Média onde os meninos iam descaços na neve para a escola e passávamos os intervalos a aquecer as mãos debaixo dos braços porque réguadas em mãos encarquilhadas de frio... são como brasas vivas queimando mãozinhas tenras!
Percebes porque odeio matemática?
Ler aprende-se por intuição, mas fazer contas?!
Já no liceu equacionava os problemas, entendia-os... mas fazer as contas?!
Freud explica e Pavlov também: era por reflexo que ficava doente e cega, suava e ficava incontinente nos testes.
A única mazela que, apesar de tanto sofrimento não me afectou, foi a dificuldade de aprendizagem. Fixava tudo de ouvido, graças a Deus, porque tinha todo o serviço doméstico a meu cargo... tempo para estudar era um luxo!
Ter folhas de ponto também:

- 3 tostões outra vez?!Vai ganhá-los para a estrada!

Só depois de casada, quando fui visitar os meus sogros e vi os estranhos pic-niques à beira da estrada, o meu ex-marido me explicou que pic-niques eram... e o que o meu pai dizia fez enfim sentido.

Graças a Deus: o que a gente ignora não nos magoa.

Maria Petronilho

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